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Para não comprar um mico disfarçado de bom negócio, confira as dicas valiosas de especialistas para a hora da escolha de um carro usado
Os preços dos veículos 0 km no Brasil aumentam mês a mês e o brasileiro reclama – com razão – que esses valores não resultam em boas compras. É muito comum ver um modelo caro e que não oferece um simples ar-condicionado de série em um país de clima quente como o nosso. Por esses e tantos outros motivos, a opção por seminovos e usados passou a fazer parte da rotina.
Mas junto com a compra considerada vantajosa, é preciso checar alguns itens antes de sair da loja ou retirar o veículo com o proprietário anterior. A repórter que assina esta matéria, por exemplo, adquiriu um usado em março de 2014 e, em dezembro, viu que o extintor estava vencido desde o primeiro semestre de 2013. Especialistas consultados também recomendam verificar se o carro já foi batido, se possui pendências jurídicas e se vem com o manual do proprietário e chave reserva. As respostas para essas questões você confere nesse guia que Autoesporte preparou.
1- Quais as recomendações primordiais na hora de comprar um usado?
O diretor executivo da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA), Nilton Monteiro, enumera dois passos. O primeiro é optar por esse tipo de compra em uma concessionária da marca do carro pretendido. “É um local que geralmente oferece alguma garantia e dados mais fidedignos do veículo”. O segundo é ir acompanhado de um mecânico de confiança no momento da compra. “Ele vai saber por onde começar a olhar o automóvel”, reforça.
2- Em quais lugares é mais recomendável efetuar a compra de um usado?
Para o gerente de avaliação de usados da Personal Car Auto, empresa de assessoria automotiva, Tércio Andrade, opte primeiro por uma concessionária ou loja. “Esses lugares costumam fazer um filtro do que é essencial para entregar o carro ao futuro proprietário, como saber se ele foi recuperado de um sinistro e se há bloqueios administrativos. Comprar de locadoras também pode ser bom negócio, já que a maioria adquire os carros de um único dono.”
3- No momento da compra, o que deve ser checado visualmente no carro?
De acordo com o consultor da rede Oficina Brasil, Marcos do Amaral, no momento da compra deve-se verificar todos os itens de segurança desde a validade do extintor, a existência de chave de rodas, triângulo e até as condições do estepe. “Deve também verificar o nível de óleo e sua periodicidade de troca e solicitar até o histórico de manutenção do veículo, para que o futuro dono dê continuidade na conservação.”
4- E o que deve ser checado em termos de mecânica?
Uma dica básica, segundo Monteiro, é ligar o carro em marcha lenta e verificar os níveis de ruído na cabine e de vibração do volante e da alavanca de câmbio – no caso de um modelo manual. “Dê uma volta no quarteirão para checar também se há folga no pedal de freio e como o veículo se comporta quando passa em um buraco.” Os especialistas recomendam, se possível, levar um mecânico de confiança no momento da compra. “Ele, ao ligar o veículo e dirigir, terá condições de avaliar com mais precisão”, lembra Amaral.
5- Existe algum macete para descobrir se o carro foi batido ou sofreu enchente?
Se o carro foi bem consertado é difícil perceber. Mas o que os profissionais recomendam verificar é o alinhamento de portas, capôs e porta-malas, se há irregularidade nos tons da pintura e olhar minuciosamente os parafusos, em especial das portas e tampas. “Esses parafusos, quando vêm de fábrica, são geralmente pintados na cor da carroceria. Quando eles são de outros tons, é porque já houve algum conserto”, diz o gerente de varejo da Dekra, empresa de vistoria, Fernando Masetti.
6- Adquirido o veículo, quais os próximos passos burocráticos?
Após comprar um veículo, é necessário fazer a comunicação de venda ao Departamento Estadual de Trânsito do município e a transferência em um prazo de até 30 dias. Algumas unidades do Detran oferecem um passo a passo completo para consulta na área de Veículos do em seu sites. Caso o licenciamento não esteja pago ou existam outros débitos pendentes, é preciso quitar tudo para efetuar a transferência.
7- Como é possível verificar se as revisões anteriores foram realizadas em concessionária e se um possível recall foi atendido?
Masetti recomenda que, quando for adquirir o veículo, se dê preferência a modelos que venham com o manual do proprietário. “É lá que vêm os carimbos das revisões feitas em uma autorizada.” No caso do recall, o vendedor deve guardar a carta de convocação e o documento emitido pela autorizada de que ele foi realizado para que sejam entregues ao futuro dono.
8- Há alguma forma de verificar se há pendências jurídicas?
Andrade diz que a forma mais usual são as consultas aos portais do Detran, da Secretaria da Fazenda e da prefeitura da cidade. “Nesses endereços é possível consultar débitos do veículo por meio de CPF e/ou CNPJ.”
9- Como é possível checar a autenticidade do chassi e do motor?
O Detran sugere ao comprador que entre em um acordo com o vendedor para a realização de uma vistoria. Ela é gratuita e atesta a autenticidade da legalidade do motor e do chassi do veículo, além dos equipamentos obrigatórios (como pneu, extintor e espelhos retrovisores, entre outros). O laudo da vistoria poderá ser usado por até 30 dias após sua emissão no processo de transferência. Mas reserve tempo na sua agenda para fazer a checagem.
10- A lei protege quem compra o carro de um vendedor particular? E de uma loja?
Andrade e Masetti ressaltam que o veículo comprado de uma loja conta com uma garantia assegurada pelo Código de Defesa do Consumidor. O prazo é de 90 dias para reclamar de vícios em geral – e não apenas de problemas no motor e no câmbio. “No caso de um vendedor particular, há a proteção do código civil, mas o trâmite é um pouco mais complicado, exigindo a contratação de um advogado e a abertura de um processo”, diz o gerente da Dekra.
Com informações da Revista Auto Esporte